Por Jordana Rodrigues
Manaus (AM) – A revolução digital, a ascensão da inteligência artificial e o alto custo do ensino
superior estão levando muitos jovens a reavaliar o valor do diploma universitário. No Centro Universitário Fametro, em Manaus, esse debate ganha força entre estudantes da Geração Z, que estão cada vez mais
atentos ao retorno real do investimento em uma graduação.
Uma pesquisa recente da plataforma de empregos Indeed, realizada com jovens brasileiros,
revelou que mais da metade da Geração Z acredita que a faculdade não vale mais a pena.
Segundo os dados, o principal motivo é que o diploma deixou de ser sinônimo de sucesso
financeiro. Inspirado nesses dados, foi feita uma pesquisa local com 20 estudantes da Fametro,
que reforça essa percepção: 11 acreditam que o diploma ainda tem peso no mercado,
enquanto 9 disseram que preferem investir em prática e experiências diretas.
Na Fametro, estudantes de diversos cursos, como Administração, Direito, Comunicação Social,
Enfermagem e Tecnologia da Informação, expressam visões distintas sobre a importância da
graduação. Para Larissa Souza, aluna do 6º período de Publicidade, o custo elevado da formação é um dos
maiores entraves.
“A mensalidade é alta e o retorno não está garantido. Tem muita teoria que não prepara a
gente pra vida real”, afirmou.
Já para Karolaine Nair, 20 anos, do 2º período de Enfermagem, a formação acadêmica segue
sendo fundamental.
“Porque tipo assim, uma empresa vai dar prioridade pra uma pessoa com diploma do que pra
uma com experiência, pelo menos eu penso assim. Minha profissão é mais pessoal, e acho que
não tem como a inteligência artificial substituir esse contato. Na Enfermagem, é o teu vínculo
com as pessoas que conta. A gente aprende isso nas extensões, nas ações e palestras. Conheço
pessoas que conseguiram o que queriam com cursos profissionalizantes, mas ainda acho que o
diploma faz diferença”, concluiu.
Rafael Oliveira, aluno de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, vê a prática como mais
determinante.
“Vejo amigos que fizeram cursos técnicos ou viraram freelancers ganhando mais do que
recém-formados. A prática pesa muito mais hoje”, comentou.
As transformações do mercado são visíveis também no impacto da tecnologia. Ferramentas
como ChatGPT, editores automáticos e inteligência artificial generativa têm influenciado
diretamente na forma como o trabalho é executado e valorizado.“A IA tá fazendo muita coisa que antes só um designer ou um redator fazia. Isso desvaloriza o
diploma nessas áreas”, opiniou Julia Ramos, aluna de Jornalismo.
Mesmo diante de tantas transformações, muitos professores da Fametro defendem que a
graduação continua sendo um diferencial, especialmente pelo que ela agrega em termos de
pensamento crítico, vivência universitária, ética profissional e oportunidades de networking.
Eles também ressaltam que os currículos precisam se adaptar aos novos tempos, com mais
foco em soft skills, inovação e empreendedorismo.
A dúvida permanece: o diploma ainda vale a pena? Para muitos, sim — mas ele precisa vir
acompanhado de atualização constante, experiência prática e visão estratégica de mercado.
Fonte da Pesquisa
A pesquisa local foi conduzida em maio de 2025 por estudantes do curso de Jornalismo da Fametro, como parte de um projeto de reportagem sobre o valor do diploma universitário. Foram entrevistados 20 alunos de diferentes cursos, incluindo Administração, Direito, Comunicação Social, Enfermagem e Tecnologia da Informação. O objetivo foi compreender as percepções dos estudantes da instituição sobre a relevância da graduação no atual mercado de trabalho.