Por Isadora Castelo, Jonatan Andrade, Ramilly Vieira, Taís Dutra, e Wellington Almeida
O Amazonas registrou, no segundo trimestre de 2025, a menor taxa de desocupação desde 2014. Segundo dados divulgados pelo IBGE, o índice ficou em 7,7%, o que significa uma queda significativa em relação ao primeiro trimestre deste ano, quando era de 10%.
Esse resultado acompanha a tendência nacional, já que o Brasil reduziu sua taxa de desocupação de 7,0% para 5,8% no mesmo período.
O destaque desse crescimento fica por conta do trabalho autônomo. No país, 25,2% da população ocupada trabalha por conta própria, mas no Amazonas o número é bem mais alto, atingindo 30,4%. Atrás apenas de percentuais do Brasil, junto com Rondônia (35,3%) e Maranhão (31,8%).
Outro lado da moeda
Apesar da redução do desemprego formal, o Amazonas enfrenta um desafio persistente: a alta taxa de informalidade. Mais da metade da população ocupada no estado (52,1%) atua sem carteira assinada ou sem CNPJ. Isso significa que, embora muitas pessoas estejam conseguindo uma fonte de renda, grande parte não tem acesso a garantias trabalhistas.
Porém, muitas pessoas optam por abrir mão dessas garantias, seja por mais liberdade nos horários ou por busca de um ganho financeiro maior.
Essa realidade é vivida de perto por trabalhadoras como Bruna Diebe, de 29 anos, que atua por conta própria em Manaus. Ela conta que optou por não trabalhar com carteira assinada para ter mais autonomia e flexibilidade.
Já Gleice Batista, de 40 anos, também escolheu o trabalho informal, motivada pelo desejo de estar mais próxima da família.
“Primeiro pela oportunidade de estar com minha família e de sair do CLT. Eu fico bastante tempo com meus filhos, que ainda são pequenos, e isso me possibilita estar perto deles. Tenho mais liberdade”, relata.
Mas Gleice reconhece os obstáculos do dia a dia de quem empreende nas ruas de Manaus.
“Como a gente trabalha em barraca, o tempo é um dos maiores desafios. Hoje mesmo choveu e a gente ficou na dúvida se ia conseguir vender tudo ou não. Fora isso, tem toda a correria atrás de material e de preço melhor para conseguir algum lucro”, completa.
Vantagem ou desvantagem?
Embora a informalidade seja vista como algo vantajoso pela flexibilidade de horários, ausência de mão de obra e redução das taxas de desocupação no estado, ele vem acompanhado de riscos significativos. Sem registro em carteira, os trabalhadores ficam sem direitos básicos como férias, 13º salário, FGTS, seguro-desemprego e previdência social. Essa ausência de garantias aumenta a vulnerabilidade em períodos de crise econômica, como na pandemia, quando a renda pode cair drasticamente.
Especialistas defendem que políticas públicas voltadas para a formalização do trabalho, como a ampliação do Microempreendedor Individual (MEI), linhas de crédito específicas para pequenos empreendedores e programas de capacitação, são caminhos importantes para equilibrar autonomia e proteção social.
Nesse cenário, o desafio para o Amazonas não é apenas reduzir o desemprego, mas garantir que os postos de trabalho criados ofereçam segurança, estabilidade e direitos para que trabalhadores como Bruna e Gleice possam conciliar liberdade com dignidade e proteção.