Pesquisa aponta que o Amazonas detém o pior índice de leitura da região Norte

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A região apresentou aumento significativo de não-leitores em relação à última edição da pesquisa.

Por Guilherme Oliveira, Jhennifer Sales, Aline Reis e Evelyn Lessa

Em média 3,96% livros são lidos por ano. – Foto: Jhennifer Sales/Biblioteca Fametro

O Amazonas registrou um índice de 40% de leitores ativos, o menor número da região norte, segundo a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, iniciativa do Instituto Pró-Livro, em parceria com a Fundação Itaú e a Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec). O resultado é o menor desde o início do estudo em 2007.

De acordo com a 6ª edição do estudo, a região Norte apresenta apenas 48% no gráfico percentual de leitores, uma queda de 23,8% se comparada a 2019, em que foi exposta uma média de 63%. Levando em conta a leitura parcial ou total de livros em todos os formatos e gêneros.

Percentual de leitores por região de 2024 em comparação com 2019 (Reprodução)

O declínio, não só no Norte, mas em todo o Brasil, é evidenciado na pesquisa por diversos fatores, alguns deles são falta de tempo, falta de apoio ou exemplo familiar e escolar, falta de diversidade cultural, além do simples “não gostar de ler”. Em números, a obra declara que, entre entrevistados, 32% não gostam de ler, 71% alegam que nunca tiveram incentivo, e leitores ativos relatam 7,6 atividades culturais durante seu tempo livre, contra 5,3 atividades entre os não leitores

Michelle Trindade, acadêmica de pedagogia da Faculdade Metropolitana de Manaus, explica sobre sua realidade como estudante e leitora: 

“Apesar da correria do dia a dia, sempre encontro tempo para ler, seja em casa ou até mesmo no ônibus. Acredito que a leitura é uma prática que muitas vezes falta por uma questão cultural, pois nem todos são incentivados desde cedo. Hoje em dia, com tanta distração nas redes sociais, muita gente perde o interesse pelos livros, sejam físicos ou digitais. Por isso, é importante incentivar esse hábito, especialmente entre as crianças.”

Outro fator seria a luta por atenção no meio tecnológico. Uma ampla maioria da população prefere navegar na internet ao ler uma obra literária, 81% usam a internet, comparados a apenas 20% que leem livros no tempo livre. O bibliotecário, Alisson Andrade, destaca sobre a queda do hábito da leitura:

“O uso excessivo de dispositivos móveis, potencializado pelas redes sociais, tem impactado diretamente a concentração e a continuidade da prática da leitura. Embora essas plataformas facilitem o acesso a conteúdos literários e promovam o compartilhamento de experiências entre leitores, elas também contribuem para a dispersão de atenção. Sendo assim, os encontros presenciais, como clubes de leitura, tornam-se fundamentais para o fortalecimento do hábito leitor, pois promovem o diálogo, o pensamento crítico e a troca de interpretações, ampliando o valor da leitura para além do individual”

Ler pouco ou não ler podem ser entendidos então, como atos que derivam de um leque de razões envolvendo a educação institucional ou social. Os dados apresentados representam uma rachadura no incentivo a um dos principais motores do fazer científico e olhar crítico geral da população, um motor para a viabilização da representação daqueles que são “ilhados” das mudanças no país e na sociedade.

Maria Prata, jornalista da UOL, sobre a queda do hábito de leitura no Brasil.

 

 


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