Por Daniel Bismarck
A rotina dos estudantes começa pela madrugada, onde precisam chegar na rodoviária por volta das 5h da manhã, onde os ônibus ficam em uma ala específica para os alunos. Alguns optam ir mais cedo para o ponto de encontro para assim garantirem uma vaga e serem um dos primeiros a chegar ao destino final, muitos estudam e trabalham em Manaus e acabam voltando apenas à noite para suas residências.
É o caso da estudante do oitavo período do curso de Farmácia da Fametro, Adrienne Trindade, 20. Ela conta que estuda pela manhã e trabalha pela parte da tarde, e por isso precisa ainda mais ter o compromisso de ir e vir todos os dias. Adrienne relata algumas dificuldades que encontra em seu trajeto diário, como a deterioração das estradas e a questão da segurança dos alunos que esperam os ônibus expostos na Praça da Saudade. Segundo ela, no turno da noite já houve arrastões, assaltos e mortes no local mesmo com a presença de vários alunos.
Apesar de todos as barreiras um único pensamento é mantido pelos estudantes: concluir o ensino superior e conquistar uma vaga no mercado de trabalho, para assim garantirem uma vida melhor. A estudante Acácia de Souza, 21, do oitavo período do curso de Arquitetura e Urbanismo do turno matutino, da Fametro, conta que acorda por volta das 5h e se prepara para a saga diária. A aluna faz estágio pela parte da tarde e também se reúne com os outros estudantes no ponto estratégico para voltar pra casa, segundo ela sua maior dificuldade é a locomoção por conta da logística das estradas e a questão do tempo, pois ao chegar em casa ela dá um foco maior na revisão do conteúdo estudado no dia. “Nunca pensei em desistir”, sentencia.
Sem vida social, o técnico de saúde bucal e estudante do sexto período do curso de Enfermagem Leandro Costa, 36, conta que desde que começou a estudar e trabalhar não teve mais tempo para outros afazerem a não ser se dedicar inteiramente ao estudos e ao trabalho, já que precisa sustentar os dois filhos e a esposa. O acadêmico trabalha pela parte da tarde e da noite em uma UBS em Manacapuru e para ele, dentre as dificuldades está o mau serviço prestado pelas empresas de transporte que não oferecem ônibus confortáveis, tendo em vista que os alunos passam horas na estrada, além disso, ele também reclama do calor.
Para esses estudantes, o cansaço vai além da questão física, mas também impacta no mental. Vários alunos, vários problemas, mas todos com o mesmo propósito de garantir uma vida melhor para as suas famílias.