Por Paulo Rodrigo
Acontecia, em 26 de abril de 1986, o maior acidente nuclear da história da humanidade. A explosão num dos quatro reatores da usina nuclear de Chernobyl, cidade localizada na Ucrânia, provocou uma nuvem de radioatividade que se espalhou pela Europa. Estima-se que mais de 80 mil pessoas morreram por conta da exposição à radiação e milhares afetados com doenças.
A elevação do nível de radiação, considerada maior que a das bombas de Hiroshima e Nagasaki, foi tão alta que deixou a cidade de Pripyat abandonada e está deserta até hoje. Além disso, o acidente atingiu a fauna e flora de países como a Suécia e deixou quilômetros de florestas contaminadas. Apenas em dezembro de 2000, a usina de Chernobyl foi fechada.
Dia Internacional em Memória do Desastre de Chernobyl
As Nações Unidas estabeleceram, em 2016, o dia 26 de abril como o dia para relembrar o desastre que aconteceu na Ucrânia. Atualmente, a usina nuclear ucraniana e a cidade mais próxima ao desastre, Pripyat, recebem turistas do mundo todo. Em uma espécie de turismo nuclear, as pessoas visitam o local para ver de perto a cidade fantasma, a usina e verificar os níveis de radiação.
De acordo com Larissa, do blog Vida de Cigana, que entrou no local, “visitar Chernobyl não tem nada de mórbido, muito pelo contrário. Ali é história viva, para não deixar esquecer. Aqueles prédios, tomados hoje pela mata, estão ali para nos dar uma lição. Para nos importarmos com o planeta, para nos importarmos com a natureza.”
Em 2021, turistas sobrevoaram o local do acidente nuclear. Para marcar o 35º aniversário do acidente, a Ukarine Internacional Airline (UIA) organizou, neste domingo (25), voos para turistas observarem do alto as cidades de Kiev e Chernobyl de ângulos incomuns, dentro do Embraer 195.
Sob o solo, turistas também contam com importantes monumentos para relembrar o acidente. A partir da entrada da cidade, é possível avistar, logo de cara, a placa de boas vindas a Chernobyl e os monumentos homenageando os grandes profissionais que lutaram pela vida das pessoas durante o desastre.
Quem levou a culpa?
O acidente naquele dia aconteceu devido um teste de segurança que simulava uma possível falta de energia da estação. Nesse tempo, Anatoly Dyatlov, engenheiro russo graduado pelo Instituto de Engenharia Física de Moscou, foi o supervisor do experimento que resultou no acidente nuclear naquele dia. Dyatlov era responsável pelos reatores 3 e 4 da usina e sua experiência de mais de quatorze anos trabalhando em reatores nucleares navais o tornava um dos três principais funcionários da usina.
Durante a explosão, Dyatlov foi exposto a uma radiação de 390 rem, que causa a morte de 50% das pessoas afetadas após 30 dias, mas ele sobreviveu. Mais tarde, ele foi levado a julgamento por ser um dos responsáveis pela negligência em Chernobyl e foi sentenciado a 10 de prisão, chegando a ser anistiado e solto depois de três anos.
Antes de Anatoly morrer, em 1995, devido ao envenenamento radioativo que causou uma insuficiência cardíaca, ele escreveu um livro ao qual colocou sua versão da história e culpou falhas técnicas como a causa do acidente em 1986.
Consequências e desenvolvimentos atuais da explosão
Até hoje ainda é possível identificar níveis altos de radiação nas cidades de Pripyat e Chernobyl. Esses números indicam que o desastre ainda persiste com sérias consequências de longo prazo e as comunidades e territórios perto da usina ainda precisam experimentar outros modos de vida para sobreviver no local.
Para conter o avanço da radiação para outras localidades por causa das mais de 200 toneladas de material altamente radioativo, foi colocado um sarcófago com formato de redoma em volta do local da explosão. Em julho de 2019, depois de mais de 9 anos em construção e mais de 20 anos de estudo, o chamado Novo Confinamento Seguro foi construído e idealizado para proteger o núcleo do reator número quatro.
Abaixo, a matéria completa do Fantástico relembrando os 30 anos da tragédia em Chernobyl.
Além disso, em 1986, a Rede Globo fez uma cobertura sobre as questões científicas e políticas que envolveram a catástrofe. Em umas das maiores celebrações de 1° de maio na Ucrânia, a população aproveita para realizar manifestações contra a produção de energia nuclear no país. Alguns moradores destacam que não estão se sentindo seguras por causa da omissão do governo em informar sobre o problema ocorrido na usina, mas outros estão confiantes nas decisões do governo. Confira abaixo: