Por Jaciara Ferraz
Junho é o mês do Orgulho LGBTQIA+, um período para refletir sobre a luta que a comunidade enfrenta pelo fim do preconceito e da violência. Sabe-se que o mundo já está em constante evolução com relação às liberdades pessoais. No Brasil, por exemplo, a Constituição de 1988 já reconhece a união homoafetiva como entidade familiar. É claro que ainda existe muita discriminação, entretanto, antigamente a situação era pior.
Um caso que chama atenção até hoje é a história de Elisa e Marcela que, inclusive, tornou-se livro e filme. As duas se conheceram, aproximadamente, nos anos de 1880 e logo se apaixonaram, mas na época não existia tolerância com relação a casais LGBTQIA+. Ainda assim, o casal conseguiu o feito de terem o único casamento lésbico feito na igreja. Como conseguiram? Foi preciso que Elisa assumisse a identidade de um primo falecido dela, que se chamava Mário, e assim abafaram os comentários sobre o relacionamento e conseguiram se casar em uma igreja na Espanha.
Entretanto, logo a desconfiança da vizinhança veio à tona e foi preciso que Elisa e Marcela fugissem para onde ninguém as conhecessem. Foram para Porto, mas sem muito sucesso em continuar com a vida normalmente, foram detidas em Portugal. A Espanha solicitou que elas fossem extraditadas, mas antes que isso ocorresse as duas conseguiram fugir para a Argentina, onde mudaram de nome novamente, Elisa virou Maria e Marcela tornou-se Carmem. Um detalhe importante da história é que neste período entre a prisão e a fuga Marcela estava grávida, mas sobre o pai da criança ninguém nunca descobriu. Há indícios de que Elisa casou-se novamente e sobre Marcela não se sabe o paradeiro.
Mesmo com o passar dos anos, essa história continua tendo grande repercussão por marcar o mundo sendo um símbolo de amor e resistência. Livros foram produzidos sobre o caso, e o filme “Elisa y Marcela”, disponível na Netflix, conta essa história com riqueza de detalhes.
A diretora do filme Isabel Coixet, conta que ficou extremamente mexida quando conheceu essa história através do livro “Elisa e Marcela – além dos homens”, de Narciso de Gabriel.
Em uma declaração falou para quem o longa é destinado: “A todas as pessoas que passam a vida tentando se encaixar em um mundo que não está pensado para elas. Aos diferentes, aos estranhos, às mulheres e aos homens que não se sentem nem mulheres nem homens, apenas pessoas. Aos que amam.”