Por: Juliane Menezes
Doramas com round 6, extracurricular, tem muitas coisas em comum com o mundo atual, esses dramas nos levam a uma importante reflexão sobre o comportamento da população nas últimas décadas.
Em Round 6, série sul-coreana original da Netflix, acompanha um grupo de pessoas desesperadas por dinheiro que recebem um misterioso convite para participar de jogos competitivos inspirados em brincadeiras infantis. Sem saber qualquer coisa sobre o convite, centenas de pessoas comparecem ao local para participar do evento. Ao final do jogo, o vencedor poderá levar para casa um prêmio milionário e resolver todas as suas dívidas. Porém, o que eles não sabem é que os perdedores não sairão vivos desse jogo. Agora os competidores precisarão lutar para sobreviver a essa macabra disputa, tanto personagens quanto o público são confrontados com a questão de até onde estão dispostos a ir por dinheiro – e o quanto a sociedade capitalista submete os indivíduos a situações que os conduzem à violência, apenas para sobreviver.
Já o drama, Extracurricular também da Netflix alerta no início dos episódios que a obra, os personagens e os eventos são fictícios, mas os problemas que retrata são obviamente reais e precisam ser discutidos. A série faz um bom trabalho em mostrar JiSoo como um criminoso que comanda um esquema de prostituição e como um jovem vítima do sistema capitalista. Essa contradição também aparece nas histórias de outros personagens.
Por isso, o dilema moral sobre quem é o vilão e quem é a vítima permeia por todos os episódios da série, colocando o espectador em uma posição desconfortável, mas necessária.
Extracurricular não é uma série que condena os personagens pelas atitudes moralmente erradas. A produção mostra a culpa da sociedade na formação dos jovens e deixa as questões em aberto para os espectadores. Vale ressaltar também que – ao contrário de algumas séries norte-americanas – o dorama não é irresponsável ao tratar de assédio, prostituição e depressão.
A série apresenta as perguntas para os espectadores e estimula o debate, o que é muito mais relevante devido aos recentes casos na Coreia do Sul.
Em 2019, a notícia de que Seungri, ex-membro do grupo de K-pop BigBang, foi preso por envolvimento em um esquema de prostituição e assédio chocou a sociedade conservadora sul-coreana. Segundo as autoridades, ele intermediava o contato das mulheres com os empresários – assim como JiSoo faz na série.
Já em 2020, o caso apelidado de “Nth Room” chocou novamente o país. A polícia sul-coreana descobriu uma onda de crimes de cunho sexual digital envolvendo abuso e exploração de mais de 70 mulheres- algumas delas menores- pelo aplicativo Telegram.
Assim como em 2017 o Mee Too chocou o mundo com os casos de assédio denunciados por mulheres da indústria cinematográfica de hollywood contra grandes executivos, nos fazem pensar por quanto tempo vamos tapar os olhos para crimes cometidos por homens com influência e poder apenas para a diversão e dinheiro daqueles que estão em posição de comando, para o questionamento da população fica a reflexão o quanto vale o sofrimento das pessoas, esse é a grande problemática desses doramas.