Além do Diploma: Universitários Artistas

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Por Thais Nersan e Anny Marinho

Entre trabalhos, provas e leituras acadêmicas, muitos universitários levam nas mochilas mais do que livros: carregam instrumentos, poesias e roteiros de espetáculos. Criativos, inquietos e conectados, os jovens da Geração Z transformam a arte em expressão pessoal, ferramenta profissional e até mesmo em refúgio emocional.

Esta reportagem mergulha um pouco em como é a vida desses artistas e universitários. E como eles conciliam a vida acadêmica com a produção artística em um país onde ser artista ainda é um ato de resistência. Conhecer essas histórias é entender como a arte se mistura a formação de identidade e ao futuro profissional.

Conheça os caminhos de Vinícius, Paulo e Almir. Artistas que são também estudantes, e saiba mais sobre a voz experiente de Tony Medeiros, referência na cultura do Amazonas, que analisa como a arte transforma trajetórias.

O AUTOR:

Vinicius Braga, 26 anos, escritor, músico e estudante. Vocalista da banda SDM e autor de dois livros são eles “Orações Malditas” (2024) e a zine “Putrefato Alvorecer” (2025), Vinicius representa uma geração que se expressa em várias linguagens. Nascido em Manaus, sua banda atua desde 2019 no universo do grindcore, um gênero musical extremo que une hardcore punk e death metal, com dois álbuns lançados sendo eles “Somos Nós a Doença” (2021) e “Ensaio Sobre a Má Vontade” (2024).

Acervo: Vinicius Braga

“A arte sempre esteve em mim. Desde criança escrevo, componho. A banda me conecta com pessoas de todo o Brasil”.

Além da música, Vinicius é contista e divide seu tempo entre os estudos, a literatura e o trabalho. Apesar de saber das dificuldades de viver da arte no Brasil, ele não abre mão do que o move: “Gostaria que fosse possível viver disso, mas preciso ser realista. Ainda assim, é tudo o que sonho”. E ainda diz que “A arte é minha essência. E essência não se larga.”

Webdocumentário “Entre Aulas e Palcos” – Episódio 1: O Autor

O CANTOR:

Paulo Henrique (Fear Paulo), 23 anos e estudante de Jornalismo. Vocalista da banda Não Existe Saudade em Inglês, Paulo vive a missão de equilibrar duas rotinas exigentes, o curso de jornalismo e a carreira musical. A banda, formada em Manaus em 2022, traz uma sonoridade nostálgica e letras que exploram o cotidiano, os amores, as frustrações e a complexa vida adulta. Com forte influência da cena do chamado rock triste, o grupo ganhou projeção com o single “Meu Sufoco” e já dividiu palco com nomes como Terno Rei, Selvagens à Procura da Lei, Lupe de Lupe e até Charlie Brown Jr.

Acervo: Paulo Nobre

“Ao mesmo tempo que estudo e tenho a banda, é bastante difícil conciliar os dois. A música é uma forma de trabalho, e os estudos são importantes”.

Ainda assim, ele acredita que as duas áreas se complementam. No jornalismo, aprendi a pensar em estratégias de comunicação que aplica diretamente na divulgação da banda. “Aprendo sobre marketing, propagandas, e a marca. Aprendo também a gerenciar as redes sociais”, completa. Ele ainda diz que, por mais complicado que seja conciliar, fazer os dois ao mesmo tempo tem um grande benefício.

Webdocumentário “Entre Aulas e Palcos” – Episódio 2: O Cantor

O ATOR:

Com mais de 20 peças no currículo, Almir Correa é ator, dançarino e arte-educador. Além disso, é estudante de Psicologia, atualmente está no 7°  período, curso que abraçou após enfrentar problemas de saúde e se afastar dos palcos. Mas mesmo fora da cena profissional, a arte nunca deixou de fazer parte de sua vida. Almir atua dentro da Federação Espírita do Amazonas, capacitando outras pessoas para atuarem em peças teatrais, recitais e apresentações de dança. Para ele, o palco é uma extensão da alma, e da cura.

Acervo: Almir Correa

“Mesmo com dificuldades, sigo incentivando outros a se expressarem. Teatro, dança, poesia: tudo isso é saúde mental também”, conta. Ele finaliza dizendo que “O essencial é não esquecer sua essência”.

Webdocumentário “Entre Aulas e Palcos” – Episódio 3: O Ator

UMA VOZ DA EXPERIÊNCIA:

Tony Medeiros e a arte como norte de vida.

Depois de acompanhar as histórias de jovens que equilibram universidade e arte, a reportagem traz a visão de alguém que trilhou esse caminho por décadas. Tony Medeiros, cantor, compositor, educador e ex-deputado estadual, é um dos maiores nomes da cultura amazonense. Começou sua trajetória artística em 1985, fundou o grupo Ajuri, estudou no conservatório da Universidade Federal da Paraíba e se apresentou em palcos do Brasil e do mundo — incluindo Paris, Nova York e Madrid. Por 23 anos foi amo do Boi Garantido, e também participou de programas nacionais como o Criança Esperança.

Reprodução: Portal Kandyru

“Conciliar arte com outras responsabilidades é um desafio. Mas é isso que forma seres humanos completos. A arte me ajudou a ser um político mais sensível. Ela nos humaniza”, explica Tony.

Para ele, os jovens artistas universitários não estão apenas criando arte: estão construindo pontes. “A arte constrói identidades. Mas também constrói nações.” E afirma que “A arte não é só talento. É ferramenta política, afetiva e existencial.” A arte como identidade, e não só como escape. As trajetórias de Vinicius, Paulo e Almir mostram que ser artista e ser universitário não são caminhos opostos. São mundos que se somam. E como destaca Tony Medeiros, a arte não apenas forma profissionais mais sensíveis.. ela forma seres humanos mais inteiros. Para esses jovens, a arte não é um passatempo. É o que os mantém vivos. É quem eles são.

Matéria Narrada “Voz da Experiência”

O Amazonas é uma terra que transpira arte por onde se passa. Vamos conhecer 4 artistas amazoneneses para se inspirar.

Infográfico Artistas do Amazonas

 


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