Por Letícia Vieira
O movimento pela conscientização da Luta Nacional Antimanicomial iniciou na década de 70, com o objetivo de conscientizar as instituições legais e sociedade sobre o preconceito relacionado aos portadores de transtornos mentais, estes que não representam perigo ou ameaça ao círculo social.
O psiquiatra Franco Basiglia, no ano de 1978, presenciou abusos nos tratamentos dos pacientes na Itália e decidiu junto com sua equipe aplicar mudanças teóricas e práticas no tratamento dessas pessoas, a chamada Psiquiatria Democrática, iniciando assim, a Luta Antimanicomial. Franco concluiu que a internação em manicômios poderia piorar os casos de transtornos, não apresentando nenhuma evolução nos tratamentos. O psiquiatra se tornou referência mundial e seu modelo inspirou a Reformulação do sistema Psiquiátrico no Brasil.
O movimento brasileiro trouxe algumas mudanças, uma delas é a Lei Paulo Delgado (10.216 de 2001), que criou um novo modelo de tratamento e acompanhamento. Este modelo foi responsável pela instituição dos Centros de Atendimento Psicossocial (CAPS), unidades especializadas no tratamento e reinserção de pessoas com transtornos mentais no âmbito social, com acompanhamento de médicos especializados, assistentes sociais, psiquiatras e psicólogos.
A psicóloga e diretora do CAPS III – Benjamin Matias Fernandes, Luciana Lopes, indagou sobre as mudanças necessárias em relação a esses tratamentos, “A primeira mudança passa por uma percepção dos manicômios que temos na nossa cabeça, ou seja, a principal mudança é um olhar diferenciado do cuidado com a saúde mental, pensar na saúde mental como um problema de saúde como qualquer outro, que precisa ser cuidado, precisa de um médico e que não precisa ser segregado para ser cuidado. E uma outra questão que precisa muito se fortalecer é que nem todo comportamento desviante é um problema de saúde mental. Existem comportamentos que a gente entende como antissociais e não quer dizer que essa pessoa tenha transtorno mental ou não tenha noção do certo e errado. Então acima de tudo, quando a gente pensa em mudanças, são mudanças internas em uma sociedade que não pode e nem deve mais segregar as pessoas em sofrimentos psíquicos e também na forma de enxergas os problemas de saúde mental”.
Em Manaus, de acordo o Ministério da Saúde, serviços de atendimento podem ser feitas em Unidade Básica de Saúde (UBS), nas cinco CAPS que estão espalhadas pelas zonas da cidade, entre elas estão de caps transtorno, caps transtorno grave e persistente, caps infanto-juvenil e caps ad (relacionado a pessoas com problemas com alcool e drogas), lista detalhada no site da SEMSA.
https://semsa.manaus.am.gov.br/servico_acoes_saude/locais-e-horarios-de-atendimento-2/