Em tempos de crise, os algoritmos das redes sociais intensificam o medo coletivo ao repetir conteúdos sensacionalistas e prender usuários em bolhas de informação.
Por Vinicius Noronha e José Neto
Em tempos de conflitos internacionais, como guerras e ameaças globais, o medo se espalha com velocidade. Mas não é só a realidade que assusta — a forma como a informação circula na internet também tem papel fundamental na amplificação do pânico. Nesse cenário, os algoritmos e as chamadas “bolhas digitais” são peças-chave para entender por que tantos conteúdos de medo ganham destaque nas redes.
“Guerras são eventos históricos que provocam mudanças significativas na humanidade. […] Atualmente a sociedade hiperconectada recebe um excesso de informações que pode gerar tendências na esfera pública, podendo, por exemplo, intensificar a desinformação e causar medo. Ou seja, uma batalha cibernética paralela ao combate bélico ocorre de forma bastante prejudicial e perigosa para toda a comunidade internacional.”
O estudante de engenharia de software Vitor Viana nos ajuda a entender como os algoritmos estão presentes na nossa vida.
“Os algoritmos são sistemas que organizam e priorizam o que cada pessoa vê nas plataformas digitais, como o Instagram, o TikTok e o X (antigo Twitter). Eles funcionam com base no comportamento do usuário: quanto mais você interage com certo tipo de conteúdo, mais esse tipo de postagem será exibido para você. Isso significa que, se uma pessoa começa a consumir notícias sobre guerras, crises ou tragédias, os algoritmos passam a entregar ainda mais conteúdos com essa temática.”
Essa dinâmica cria as bolhas digitais espaços onde os usuários ficam “presos” em um tipo específico de conteúdo ou opinião. Em vez de ter acesso a diferentes visões, a pessoa começa a ver sempre mais do mesmo, reforçando medos e inseguranças. É assim que uma preocupação legítima pode se transformar em pânico coletivo.
O publicitário Ygho Pinto fala da influencia dos algoritmos no seu trabalho.
“Como publicitário, é uma importante ferramenta no planejamento de mídias e na resolução de problemáticas na comunicação de uma empresa. Os algoritmos auxiliam na construção do perfil do público que acessa as redes sociais da empresa, é com essas informações que montamos um planejamento de ações de publicidade e marketing direcionadas ao perfil. O tiktok e o twitter são redes com perfis de públicos diferentes mas são redes com informações rápidas e trends com curto prazo de validade, importante para minha profissão que precisa estar a todo tempo atualizado de tudo o que está acontecendo na internet. Acredito que para a Publicidade os algoritmos são avanços significativos para a aréa, já que as pesquisas de mercado eram feitas de forma manual e observação de publico no ambiente da loja, os algoritmos vieram pra somar e facilitar nesse momento em que buscamos estratégias de marketing”, complementou.
Além disso, muitos conteúdos são apresentados de forma sensacionalista, com títulos e imagens impactantes, justamente porque isso gera mais engajamento — curtidas, comentários e compartilhamentos. E quanto mais engajamento, maior o alcance. O problema é que, nesse ciclo, nem sempre a informação é checada ou confiável, o que aumenta o risco de desinformação.
O papel do jornalismo digital, nesse contexto, é ainda mais importante. Cabe aos profissionais da área buscar fontes seguras, checar dados e oferecer informações contextualizadas, que ajudem a população a entender o que está acontecendo sem alimentar o medo de forma exagerada. Também é necessário explicar como funcionam os mecanismos das redes, para que o público possa ter mais consciência sobre como consome informação.
Entender o impacto dos algoritmos e das bolhas digitais é essencial para que possamos lidar com os desafios da era digital com mais equilíbrio e menos pânico.
FALTA INFOGRÁFICO
E TRAZER ESPECIALISTA (OU ALGUÉM DA ÁREA OU O AUTOR DO TEXTO)