Por Juliane Menezes
Você faz ou já fez parte de um fandom? Você provavelmente já viu esse termo nas redes sociais, mas o que significa? Fandom é o diminutivo da expressão em inglês fan kingdom, que significa “reino dos fãs”, na tradução literal para o português. Se trata de um grupo de pessoas que são fãs de determinada coisa em comum, como um seriado de televisão, um artista, filme, livro e etc.
Mas ser fã não é simplesmente assistir a um filme, ouvir uma música ou gostar e ponto. É sobre o grau de envolvimento de um indivíduo ou grupo de pessoas, e como cultivam aquilo posteriormente.
Assistir a todos os filmes ou episódios de uma franquia 20 vezes, interagir com todo o elenco nas redes sociais ou esperar o ano todo para comprar um produto ou ver o show de um ídolo: ser parte de uma comunidade de fãs traz possibilidades mais complexas do que há alguns anos. Com mais influência que muitos veículos de comunicação, as comunidades de fãs, conhecidas como fandom, foram favorecidas pela relativa democratização do acesso à informação e a variedades de produtos, e ajudaram a criar relações com produtores de conteúdo.
Segundo a socióloga Cleiciane Barbosa, “Estar em grupo em torno de interesse comum é fundamental para a própria vida social. O que é interessante é que os grupos, em geral, se reúnem virtualmente em torno de uma centralidade, ou melhor, um ídolo. A influência que hoje o ídolo possui se potencializa pelo alcance comunicacional proporcionado pelo avanço da internet das coisas. Daí um alerta sobre aquele que comunica, pois é responsável por um discurso que ecoa e se multiplica. Espera-se que seja um conteúdo que contribua para a sociedade e não que seja um desserviço”.
Já para a estudante Pâmela de souza, de 15 anos e fã do grupo de música pop Now United, fazer parte de um fandom significa amor.
“Você sente o amor do seu ídolo e passa seu amor também, fica feliz por cada conquista e chora só de pensar que um dia tudo que ele(a) construiu, um dia pode acabar. Eu amo fazer parte dessa experiência, muitas pessoas acham que ser fã é coisa de criança, mas na verdade não é, o amor de um fã pelo seu ídolo às vezes é inexplicável, e esse amor faz com que esse fã passe de cabeça erguida em meio a críticas, ataques verbais, entre outros. Fazer parte disso, muita das vezes pode ajudar pessoas depressivas e ansiosas a diminuírem as crises constantes.”
Outro assunto que faz parte diariamente sobre a comunidade de fãs é o ódio na internet, sobre isso a socióloga diz que:
“A experiência do mundo é necessária para o desenvolvimento de todo indivíduo. Entretanto, não se trata de simplesmente expor o indivíduo aos fatos de uma realidade dura sem mediação. Isso é, propriamente, uma violência. Portanto, deixar ao dispor o discurso de ódio, sem esclarecimento prévio da origem e da expressão deste ódio só reproduzirá mais ódio e mais violência entre os jovens. Então, acredito na concreta mediação. As injustiças que marcam a sociedade, sobretudo, as mais desiguais provocam tanto mal, tanta guerra e revolta. Somente o esclarecimento pode dar a chave para compreendermos o porquê de alguém usar sua influência para disseminar o mal que existe em si, em sua realidade. Leonardo da Vinci nos deixou a reflexão que diz que nada pode ser amado ou odiado sem ser compreendido”.
Tratando sobre os impactos dos fandoms na sociedade
“Pelo alcance comunicacional, há muitos impactos. Para citar algo positivo podemos pensar no fandom como um instrumento de ação cultural, já que os indivíduos se reúnem em função de um interesse em comum. Em torno desse interesse existe uma produção cultural midiática que se reproduz em forma de textos sobre um cânone, por exemplo. Seja qual for produto dessa ação cultural midiática o que teremos é a construção de acervo que pode servir para retratar este tempo em que estamos para as gerações futuras”.