Por Alessandra Castro e Raquelline Fernandes
No ano de 1992 a Organização das Nações Unidas (ONU), criou o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência que é comemorado dia 03 de dezembro. De acordo com a ONU, aproximadamente 10% da população mundial possui algum tipo de deficiência, que muitas vezes é tratada como um problema por parte da população, o que acaba discriminando essas pessoas.
Este cenário resulta em desafio para que esse segmento social tenha uma qualidade de vida e conquistem uma posição de respeito. No Brasil, de acordo com dados do censo do IBGE 2010, existem 45,6 milhões de indivíduos que se declaram com deficiência o que corresponde a quase 23% da população.
Mas o que é uma deficiência? Segundo o Decreto N° 3.298 de 20 de dezembro de 1999, a deficiência pode ser definida como: “Toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano”.
Valdete Silva, mãe dos alunos que são autistas e que estudam na Escola Municipal Professor Waldir Garcia, se lembra das dificuldades que teve para encontrar uma escola que atendesse as necessidades dos seus filhos.
“Logo no começo eu tive muita dificuldade porque as escolas não queriam aceitar porque eles são especiais. Aí depois de tanto não, acabei encontrando a Escola Waldir Garcia que me apoiou e apoiou os meus filhos. A Diretora Lúcia chegou a me dar um celular para eu acompanhar e ajudar os meus filhos a participarem das aulas pela internet e ajudá-los a fazer os trabalhos”, explicou.
Por causa da pandemia os filhos de Valdete Silva levam os trabalhos para casa. Essas tarefas são registradas por meio de fotografias e enviados para a professora Vera e para as outras professoras, ressaltou.
Reconhecimento – A pedagoga da Escola Municipal Professor Waldir Garcia, Amanda Silva, fala da importância de as escolas serem inclusivas, pois apesar de haver uma lei para garantir esse direito, nem todas têm essa preparação que a Escola Waldir Garcia tem e por isso há um reconhecimento.
“Para a escola se tornar inclusiva precisa rever o currículo, contextualizando com a realidade da criança e com o seu território. É preciso trabalhar a formação e rever a avaliação. Nós trabalhamos os princípios da educação integral que analisa o aluno na sua integralidade, respeitando todas as dimensões: cognitiva, social, emocional, cultural, física e intelectual”, reforça dizendo ainda que a frase “Seja Bem-Vindo”, faz uma diferença enorme na vida das crianças.
Sendo uma profissional da psicologia, Taís Barros, fala da importância das pessoas terem o respeito e empatia com as crianças deficientes para que elas não se sintam constrangidas.
“É muito complicado, vejo relatos de alguns pais por exemplo, quando eles andam de ônibus, vão em uma consulta médica e as pessoas ficam olhando o tempo todo para a criança, ficam perguntando dos pais e eles se sentem muito incomodados e inclusive as crianças também se sente incomodadas. Elas percebem que as pessoas olham para elas de forma diferente e se sentem inferiores. É importante que as pessoas exercitem o respeito e a empatia”, sentencia.
Ensino inclusivo- A Escola Municipal Professor Waldir Garcia que fica localizada no bairro São Geraldo é referência no ensino público de Manaus, atende 223 alunos sendo 50 estrangeiros de países como Haiti, Venezuela e Cuba, onde também atende alunos com deficiência. Foi nesse contexto que a gestora percebeu a necessidade de implementar uma ação de inclusão entre os estudantes.
Na escola todas as crianças aprendem os conteúdos sem qualquer diferenciação dentro das salas de aulas. A metodologia usada é baseada em uma educação participativa, na qual os estudantes têm atividades em sala e participam de oficinas de dança, teatro, música, leitura, informática, iniciação científica, horta e esportes. A Escola Básica da Ponte, que é uma instituição pública de ensino que fica localizada em Portugal, foi a fonte de inspiração para a construção dessa escola em Manaus.
Premiação – A Gestora da escola Lúcia Santos, está entre os dez vencedores do prêmio nacional educador nota 10 onde ela foi a única campeã da categoria gestão escolar, com o seu projeto inclusivo que se chama “Acolher Para Todos Envolver e Aprender”, desenvolvido pela unidade de ensino. Para realizar o projeto, a Gestora Lúcia visitou escolas públicas inovadoras em São Paulo para entender os princípios da educação integral e mudar a prática pedagógica tradicional, que pode acentuar desigualdades em busca de uma gestão mais democrática.
“Estou há 15 anos como gestora da escola e tenho toda a preocupação de não ficar só com a administrativo que é o que acontece na maioria das gestões por aí, porque o pedagógico é o coração da escola, acho que é essa centralidade do pedagógico, do ensinar, do aprender, com o trabalho dos professores visando esse processo no ensino aprendizado das crianças”, ressaltou.
O diferencial da Escola Waldir Garcia segundo a gestora, é que a equipe faz o acompanhamento individual personalizado das crianças “Garantindo que todos aprendam, sejam estrangeiros, crianças com deficiências, com nível socioeconômicos muito baixos, com agressividades, pois todos são bem vindos, são inclusos e aprendem”, assegurou.
A professora Especialista em Educação Especial Vera Aguiar, dá aula no turno matutino na Sala de Recurso Multifuncional que é um espaço na escola onde acontece o atendimento especializado para alunos com necessidades educacionais especiais, a fim de desenvolver a aprendizagem baseada em novas práticas pedagógicas. No turno vespertino ela é responsável pela oficina de iniciação cientifica.
“Eu atendo 10 alunos na sala de recursos, sendo entre eles autistas, deficientes intelectuais e deficientes físicos. Ao todo a sala de recursos da Waldir Garcia possui 15 alunos com necessidades especiais e eu trabalho sempre de acordo com os professores da sala comum”.
As crianças que não podem ir à escola por conta da pandemia, estão fazendo o acompanhamento em casa, levando as atividades. Os professores orientam as famílias, o que representa muito esforço para a equipe, mas também é recompensador, garante Vera Aguiar.
“Mesmo eles estando em casa, estou conseguindo perceber os avanços, mais envolvimento principalmente da família”, conclui.
Os tipos de deficiências