Por Paulo Rodrigo
O cenário das corporações costuma apresentar, a todo momento, grandes pensadores que se tornam visionários por introduzir novas tecnologias ao mundo ou administrar grandes empresas. A história da Apple parte desse princípio, visto que Steve Jobs introduziu importantes produtos conhecidos mundialmente, com suas tecnologias copiadas por concorrentes até hoje, e entregou a responsabilidade de administrar uma empresa bilionária nas mãos de Tim Cook. Por questões de saúde, Jobs teve que renunciar ao cargo de CEO da empresa da maçã e desde então começou a parte mais importante da vida de Cook na história da Apple.
Escrito por Leander Kahney e lançado pela editora Intrínseca no Brasil em 2019, o livro ‘Tim Cook – O gênio que mudou o futuro da Apple’ descreve a trajetória de Cook na Apple após ser nomeado por Steve Jobs para o cargo de CEO da empresa. Podemos observar que Jobs tinha princípios diferentes de seu sucessor, o que leva a pensar qual motivo ele escolheu Tim Cook, um funcionário cumpridor de tarefas, para tomar grandes decisões e provavelmente mudar o rumo da Maçã.
É importante observar que, apesar de Kahney citar o fundador da empresa de forma lendária no livro, o autor não tenta apaziguar os erros de Jobs na Apple e critica a forma como administrava a companhia desde a sua volta em 1997. Desde o tratamento com os funcionários até as responsabilidades da Apple, Jobs sempre era criticado por tomar decisões que iam de encontro com os interesses principalmente sociais e ambientais da Maçã.
Apesar de a obra conter informações técnicas, a leitura é de fácil compreensão e não necessita que o leitor conheça termos técnicos, apenas tomar conhecimento de alguns fatos que ocorreram na história da Apple, mas que nada impede a compreensão dos fatos. Esses fatos citados talvez sejam ganchos para os outros livros de Leander relacionados à Apple, como ‘Jony Ive: O gênio por trás dos grandes produtos da Apple’, lançado em 2013.
O livro consegue aproximar o leitor da visão de mundo de Tim Cook para poder argumentar as decisões que o CEO toma até hoje para a Apple. O segundo capítulo é a parte do livro mais íntima que descreve Cook, a qual acompanha sua vida desde Mobile, Alabama, onde nasceu. Além de falar sobre a família religiosa de Cook, a homossexualidade, até o comportamento do CEO na escola e a entrada na faculdade, Kahney aborda o racismo que Tim presenciou na cidade de Robertsdale e contextualiza o leitor do problema racial que a cidade presenciou. A partir disso, expõe uma – talvez – inverdade que Cook contou em um discurso após receber um prêmio internacional, ao qual fala sobre um acontecimento envolvendo o Ku Klux Klan. O autor faz um trabalho jornalístico e acrescenta testemunhas que refutam a veracidade da história, deixando o leitor decidir se Cook disse a verdade ou não.
Todos os acontecimentos com Cook nesses quase dez anos no cargo de CEO da Apple são descritos com detalhes no livro. Digamos que Cook levou a empresa a um caminho que Jobs jamais a levaria e mesmo assim conseguiu alcançar valores de mercado surpreendentes, além de levar a empresa a tomar iniciativas ambientais, trabalhistas e até brigar com o FBI por questão de segurança em seus dispositivos. No último capítulo, Leander Kahney faz uma comparação entre o empreendedorismo de Jobs e Cook e argumenta se Tim Cook está sendo melhor ou pior que Steve Jobs para a Apple.
Nascido no Reino Unido, em 1965, Leander Kahney é jornalista, editor e ex-repórter sênior da Wired News. É autor das obras sobre a Apple citadas nesse texto, incluindo ‘The Cult of Mac, Cult of iPod’. Além disso, Kahney também é conhecido pelo seu blog Cult of Mac, ao qual escreve sobre Apple e Macintosh.