Inteligência Artificial no Cotidiano Acadêmico e Profissional: aliada ou inimiga?

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Foto: Isadora Castelo

Por Isadora Castelo 

O uso de ferramentas de Inteligência Artificial (IA) no ambiente acadêmico e profissional deixou de ser algo distante para se tornar parte da rotina de milhares de pessoas. Um levantamento realizado com 66 participantes, entre estudantes e professores, trouxe dados reveladores sobre como a IA tem sido incorporada no dia a dia, além de apontar as principais percepções, benefícios e preocupações sobre essa tecnologia.

O levantamento mostra que o conceito de inteligência artificial já é amplamente conhecido. 93,9% dos entrevistados afirmam saber o que é IA, enquanto 4,5% disseram ter alguma dúvida sobre a ferramenta e apenas 1,5% admitiram não saber o que é.

Quando o assunto é o uso prático, mais da metade (54,5%) relatou utilizar ferramentas de IA com frequência, enquanto 36,4% fazem uso esporádico. Apenas 9,1% declararam ter testado, mas não adotaram a tecnologia no cotidiano.

 

Ferramentas mais utilizadas

O ranking das ferramentas de IA mais usadas entre os participantes é liderado por:

  • ChatGPT – 95,5%
  • Gemini (Google) – 63,6%
  • Copilot – 37,9%

As aplicações mais comuns das ferramentas de IA no contexto acadêmico e profissional são:

  • Pesquisa e levantamento de dados – 55,4%
  • Estudo e aprendizado de conteúdos – 55,4%
  • Planejamento de atividades – 35,4%
  • Criação de apresentações e materiais visuais – 29,2%

 

Oportunidade ou ameaça?

Quando questionados sobre como se sentem em relação ao uso da IA em suas atividades, 50% dos entrevistados classificam como algo positivo e útil. Por outro lado, 31,8% manifestam certo receio, embora reconheçam o potencial dessa ferramenta.

Para Zaida Tavares, professora universitária e especialista em inteligência artificial, a IA representa uma oportunidade de avanço, desde que utilizada de forma ética e responsável. “A IA veio para ficar, veio para desafiar, veio para ser uma aliada. Nós não devemos criar resistência. Ela é uma ferramenta que estimula, que desenvolve. Claro que temos que determinar ética e nos preocupar com limites,” reforça.

No entanto, há quem adote uma postura mais cautelosa. A estudante Brenda Lima compartilha sua visão crítica: “Não confio na IA porque acho que ela traz muita desinformação. Prefiro pesquisar em outros sites, como sempre fiz desde a escola.”

Por outro lado, a estudante de jornalismo Mayara Soares destaca os benefícios da inteligência artificial como aliada nos estudos. Ela conta que utiliza a ferramenta para gerar resumos dos conteúdos que precisa aprender, o que torna seu processo de aprendizagem mais prático e eficiente. No entanto, ressalta que é fundamental que existam regras para o uso responsável da tecnologia.

Assim como Mayara, a maior parte dos participantes acredita que a IA deve ser adotada, mas com critérios claros.

  • 75,4% defendem o uso, desde que acompanhado de regras e orientações específicas.
  • 18,5% acreditam que deve ser incentivada livremente, sem restrições.
  • 6,2% são contrários ao incentivo do uso da IA no ambiente acadêmico e profissional.

 

Impacto na criatividade

O debate sobre os efeitos da IA na criatividade é um dos pontos sensíveis da pesquisa. As respostas foram divididas:

  • 56,1% acreditam que sua criatividade não foi afetada.
  • 27,3% percebem uma leve redução na criatividade.
  • 16,7% acreditam que o impacto foi significativo, com queda perceptível na capacidade criativa.

 

A professora universitária Tatiana Lima levanta um ponto de alerta sobre o uso excessivo e, muitas vezes, inadequado da tecnologia no ambiente acadêmico. “A IA atinge não só a criatividade, mas, o problema da memória, porque todos estão recorrendo à IA para tudo”. De acordo com Tatiana, as pessoas substituem e delegam as tarefas ou atividades à inteligente artificial e isso se torna preocupante.

 

Tatiana Lima, professora universitária. (Foto: Wellington Almeida)

Os dados mostram que a Inteligência Artificial está definitivamente incorporada à rotina acadêmica e profissional, mas seu uso ainda gera opiniões diversas. Enquanto uma parcela vê as ferramentas como facilitadoras e aliadas do aprendizado, há quem levante preocupações sobre o uso indiscriminado, os riscos à formação crítica e os impactos na criatividade.

 

Acompanhe a reportagem na íntegra no canal Expresso Notícia.

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