Por Paulo Rodrigo
Dirigido por Florian Zeller, o filme “Meu Pai” traz a história de um idoso que passa por momentos confusos lidando com a perda de memória. Lançado em janeiro de 2020, o filme foi indicado ao Oscar 2021 e levou o prêmio de melhor ator, com Anthony Hopkins interpretando o personagem principal, Anthony, e o prêmio de melhor argumento/roteiro adaptado.
O longa-metragem é uma adaptação da peça “Le Père”, de 2012, estreada em Paris. A peça também é dirigida por Florian Zeller e foi considerada “a nova peça mais aclamada da última década”, rendendo premiações como Molière Award, em 2014, na França, além de outros países. Em 2015, a peça teve uma primeira adaptação de filme com “Floride”, dirigida por Christopher Hampton.
O drama conta a história vivida por Anthony, um idoso que perde gradativamente sua memória. É uma experiência mais que interessante para o telespectador, pois a direção do filme usa plot twists para transpor os sentimentos confusos do idoso a quem está assistindo o drama. É uma experiência em terceira pessoa que usa o ponto de vista emocional de Anthony e é necessário estar muito atento durante toda a obra.
O filme retrata também o convívio dos parentes ao redor do idoso tendo que lidar com a perda de memória progressiva. A responsabilidade que a filha, Ane, interpretada por Olivia Colman, tem com o pai é confrontada com a sua vida pessoal e seu casamento, cujo marido não expressa qualquer tipo de empatia com o sogro. É claramente a representação de muitas famílias que não sabem lidar – ou que realmente não querem lidar – com pessoas idosas na família.
Uma enquete realizada pelo Comunica, baseada nos tópicos principais de “Meu Pai” e respondida por cinquenta e oito pessoas anônimas, mostra que 39,7% dos entrevistados têm algum receio em se tornar idoso. Dentre essas 58 pessoas, 39 se identificaram como mulheres e 19 se identificaram como homens.
“Para ser sincero, meu maior medo é ficar velho sozinho”, relata um dos anônimos na pesquisa. Além disso, a questão financeira é um dos problemas encontrados no Brasil pelos anônimos para a velhice. “O Brasil não é um país economicamente instável, o que faz pensar sobre como podemos estar financeiramente preparados”, relata o anônimo.
No filme, Ane decide deixar o pai com uma cuidadora, pois vai morar em outra cidade com o marido. Com o passar do tempo – e do filme – é mostrado que esse Anthony vai parar em um asilo e nem lembra se a filha dele a visita, além de querer também ver sua mãe.
Na pesquisa, 50% das pessoas que responderam disse ter medo de ficar sozinho na terceira idade. “A solidão na juventude já é ruim e difícil de ser superada, imagino que na terceira idade, essa vivência individual deve ser pior”, disse um anônimo.
Outros fatores sociais também devem ser levados em considerados na pesquisa, como a solidão da comunidade LGBTQ+ na família. “Eu sou um homem gay e hoje observo a realidade da maioria dos idosos com nossa orientação sexual. Tenho medo de não encontrar alguém para ficar comigo como companheiro, ou não ter filhos. Isso mexe comigo, ainda mais porque sou filho único e sei que depois que meus pais se forem, eu já estarei sozinho”, relata um anônimo.