Favelização de Manaus e desafios para garantir saneamento básico

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Por Emile de Souza (Texto e Foto)

Manaus se tornou a cidade com maior crescimento de favelas do Brasil nos últimos anos, de acordo com estudos do MapBiomas e essa característica sócio-econômica faz o cenário da capital amazonense ganhar um novo desafio: garantir políticas públicas e sanitárias a essa população, que se estabelecem na maioria das vezes, em lugares marginalizados pela sociedade.

Os órgãos governamentais, muitas vezes, demoram a regulamentar e garantir direitos básicos à saúde, educação e segurança a essas populações e elas acabam sendo marginalizadas. De acordo com a médica Kimberly Viana (CRM/AM 10.932), que atende populações de classes sociais vulneráveis, a falta de saneamento é um dos principais causadores de doenças em famílias de baixa renda.

“A ausência de água potável, dificulta a lavagem e preparo de alimentos e o não tratamento de esgoto ocasiona doenças, ambos causam parasitoses nas pessoas, principalmente, famílias de baixa renda. E nesse cenário, as crianças são as mais acometidas, por terem um sistema imunológico ainda imaturo”, explica a médica.

A situação atinge uma grande parte da população, como a moradora de um flutuante, localizado no bairro São Raimundo, zona oeste de Manaus, Angelina de Oliveira, que informou que a última visita dos agentes de saneamento básico foi realizada em 2019, e que todos os serviços de acesso à água e esgoto são feitos por conta própria.

“Nós recebemos a visita faz três anos, para instalação de água e verificar como ficaria a questão do esgoto, mas não retornaram e nós mesmos fizemos as instalações de água, assim como a de luz. Não sabemos a qualidade da água, mas conseguimos, por conta própria”, conta a moradora.

Nas proximidades da casa de Angelina, há pelo menos outras dez construções fluviais, que enfrentam as mesmas condições sanitárias e devido à estiagem, os lixos descartados de forma inadequada se fixam nas terras secas, causando mau cheiro e dificuldade de locomoção.

“Muitas pessoas pensam que vivemos na sujeira, que não somos merecedores de um tratamento digno e que moramos aqui por querer. A maioria vive aqui porque precisa, e os lixos ao redor das nossas casas vêm lá de cima, quando as pessoas jogam. O esgoto também cai aqui. Além da a água tratada e esgoto, vemos a limpeza pública passar longe, focando nas ruas asfaltadas e nas pessoas que estão ali (nas avenidas) em cima, enquanto só chegam promessas para a gente”, conclui Angelina.

Os relatos da moradora se confirmam em pesquisas feitas pelo Trata Brasil 2022, nas quais apontam que a maioria da população ainda não se conectou ao tratamento de esgoto.

Crescimento

O gerente de serviço da Águas de Manaus, Felipe Poli, informou que a empresa chegou na capital em 2018 e a rede de água, cresceu 40%, garantindo mais saúde para toda população.

“Desde que a empresa chegou em Manaus, o programa Vem com a Gente mapeou as áreas que precisavam da instalação de rede de água tratada e a capital se tornou a cidade que mais cresceu em rede de água no país. E focamos principalmente em beneficiar áreas de crescimento irregular, como becos, rip raps e palafitas”, informa o gerente de serviços.

Os dados da empresa já apontam evoluções e investimentos na melhoria dos serviços, no entanto, o relatório Trata Brasil 2022, mostra que Manaus ainda está entre os 20 piores municípios do Brasil em fornecimento de água, coleta e tratamento de esgoto, e diante disso, a cidade com o maior crescimento irregular de favelas se torna um desafio para a empresa de integração de saneamento básico e um sonho distante na visão de alguns moradores das áreas marginalizadas, como a moradora Angelina, que apesar de considerar um processo demorado, ainda acredita em dias melhores e recepciona a todos de forma acalorada e esperançosa.

 

 

Fontes:

https://amazoniareal.com.br/saneamento-manaus/?amp=1

https://tratabrasil.org.br/wp-content/uploads/2022/09/Relatorio_do_RS_2022.pdf

https://amazonasatual.com.br/manaus-e-a-cidade-com-maior-crescimento-de-area-de-favelas/

https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/40410

Informações da assessoria de imprensa da Águas de Manaus.


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