Crise hídrica e queimadas desafiam a recuperação ambiental da Amazônia em 2025

c

Pesquisadores alertam que a estiagem prolongada e as mudanças climáticas intensificam os riscos ambientais e sociais na região Norte.

Por: Jordana Rodrigues, Micaele Souza e Raiza Barbosa

A Amazônia enfrenta, em 2025, mais uma temporada de estiagem severa que preocupa autoridades e comunidades locais. A combinação de temperaturas elevadas, chuvas irregulares e efeitos do fenômeno El Niño tem provocado redução no volume dos rios e dificultado o acesso à água potável em diversas regiões.

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), os focos de calor no Amazonas caíram 86% em setembro de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, atingindo o menor índice desde 2002. Ainda assim, o órgão alerta que a vegetação fragilizada pela seca e pelas queimadas anteriores continua vulnerável a incêndios de grande proporção.

Efeitos nas comunidades

Mesmo com a redução das queimadas, a estiagem prolongada continua impactando comunidades ribeirinhas.
Segundo boletim do CEMADEN e da Agência Nacional de Águas (ANA), os rios Juruá, Purus, Acre e Iaco estão em situação crítica de escassez hídrica, afetando o abastecimento e o transporte fluvial. Em cidades do sul do Amazonas, como Manicoré, o nível do rio Madeira caiu de forma significativa, dificultando o escoamento de mantimentos e o transporte escolar.

“Isso é preocupante demais, pois tenho muita dificuldade de me locomover, principalmente para ir fazer o meu curso em Manaus”, informou a moradora da região do Careiro, Zeiza Salles.

Alerta ambiental

Pesquisadores do INPE apontam que o fenômeno El Niño, aliado às mudanças climáticas globais, alterou o regime de chuvas e aumentou as temperaturas médias na Amazônia.
Essas condições favorecem o ressecamento da floresta, reduzem a biodiversidade aquática e comprometem o equilíbrio ecológico da região.

Para mitigar os impactos, o governo do Amazonas e organizações ambientais intensificaram ações de fiscalização contra o desmatamento e o uso irregular do fogo, além de campanhas sobre o uso consciente da água. Iniciativas como o projeto “Água + Acesso” vêm instalando sistemas de captação de água potável em comunidades ribeirinhas, reduzindo a dependência dos rios em períodos de seca.

Perspectivas e desafios

Apesar da melhora nos índices de queimadas, os especialistas alertam que o cenário ainda é preocupante. A tendência de eventos climáticos extremos alternando secas severas e cheias intensas  exige políticas públicas contínuas e estratégias de adaptação das populações que vivem da floresta e dos rios.

A Amazônia continua sendo um termômetro das mudanças climáticas, e o equilíbrio entre o desenvolvimento humano e a preservação ambiental permanece como um dos maiores desafios do século.


Leave a comment
Your email address will not be published. Required fields are marked *