O racismo no esporte

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Por Maria Luiza Gomes e Rafael Oliveira

Uma banana aparece no meio de um campo de futebol. Em outro, torcedores imitam macacos na arquibancada. Racismo e xenofobia estão presentes no esporte, principalmente para atletas estrangeiros na Europa. E não há uma ação efetiva por parte das autoridades para eliminar esse mal.

Histórias de atletas brasileiros e estrangeiros importantes que sofreram nos campos, quadras, ginásios e arenas esportivas. Algumas ficaram famosas, geraram discussão. Outras passaram longe de câmeras ou microfones e seus personagens sofreram em silêncio.

Caso de racismo – Neymar

Em uma partida entre PSG e Olympique de Marselha, o atacante brasileiro acusou o zagueiro Álvaro González de o ter chamado de macaco.

Neymar reclamou de ofensas racistas que teriam sido proferidas pelo zagueiro espanhol Álvaro González. No segundo tempo da partida, ele discutiu outra vez com o defensor e foi expulso de campo. Após a partida, o craque declarou nas redes sociais:

Fonte: Twitter
Cerca de uma hora depois, Neymar desabafou mais uma vez, criticando o fato da sua agressão ter sido analisada com o auxílio do árbitro de vídeo (VAR), mas as câmeras não terem flagrado o momento em que Álvaro González o teria xingado de “macaco filho da p…”.
Fonte: Twitter

No primeiro tempo, o brasileiro já havia protestado com o quarto árbitro, dizendo “racismo, no!”, como captado pelos microfones. Não fica claro nas imagens se ele foi o alvo das ofensas. O lance aconteceu por volta dos 37 minutos.

No fim do segundo tempo, Neymar voltou a discutir com Álvaro González e deu um tapa na cabeça do defensor. A arbitragem viu o lance e expulsou o brasileiro, que saiu de campo muito bravo e mais uma vez acusando o espanhol de racismo.

Caso Serena Williams

Uma grande polêmica envolvendo o nome de Serena Williams veio à tona nos veículos midiáticos de todo o mundo. Durante a transmissão do US Open 2019, um comentário racista por parte de um jornalista romeno chamou a atenção do Conselho Nacional de Combate à Discriminação.

Fonte: Revista Veja

O jornalista, Radu Banciu, comparou a tenista com um macaco durante a narração de sua partida pelo torneio.

“Serena parece um daqueles macacos no zoológico com a bunda vermelha. Se um macaco colocar essas calças, seria exatamente como Serena parece na quadra”, disse Radu.

Após uma reunião para discutir o acontecimento, foi aplicada uma multa de 1.700 euros para o apresentador..

Caso Russel Westbrook

O armador Russell Westbrook, do Oklahoma City Thunder, foi ofendido por Shane Keisel, um torcedor do Utah Jazz, em Salt Lake City, no ano de 2019.

De acordo com o jogador, o homem fez insultos racistas, o que causou o começo da confusão. Shane Keisel, de 45 anos, teria dito para Westbrook “se ajoelhar, como está acostumado a fazer”.

Confira o vídeo do momento da confusão:

O índice no futebol brasileiro

Nacional e internacionalmente o racismo no esporte tem crescido cada vez mais. No Brasil, quase um terço dos episódios em 2019 foram registrados no Rio Grande do Sul. De acordo com o Observatório da Discriminação Racial no Futebol que organiza, desde 2014, relatórios anuais, recolhendo dados sobre casos de preconceito, seja racial, homofóbico ou de xenofobia constatou que em quase todos os anos houve crescimento em relação ao ano anterior. Em 2017 foram registrados 43 casos no futebol brasileiro, média mantida em 2018, com 44, mas que saltou para 59 em 2019.

Além dos casos registrados no Brasil, o Observatório, também aponta outras seis ocorrências em competições Sul-Americanas e mais 14 brasileiros em campeonatos pelo mundo. Como os casos do atacante Taison, do Shakhtar Donestk, que sofreu ofensas racistas durante a partida contra o Dínamo Kiev, e ainda terminou expulso e punido com um jogo de suspensão por reagir. E do zagueiro Marcelo, do Lyon, quando um torcedor invadiu o campo com um cartaz, pela Champions League, mostrando a imagem de um burro pedindo para que o brasileiro deixasse o clube.

O racismo ficou mais visível também porque os jogadores estão chegando a um nível mais elevado de conscientização e começaram a denunciar os casos, indo para as redes sociais ou avisando os árbitros quando veem as manifestações racistas partindo das arquibancadas.

De Muhammad Ali, do boxe, passando pelos velocistas Tommie Smithe e John Carlos, que fizeram o gesto dos Panteras Negras, no pódio das Olimpíadas de 1968, até Lewis Hamilton que tem se manifestado a cada novo GP da Fórmula 1, os atletas, há anos, têm contribuído com a luta antirracista.


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