Por Samara Valentin
Um dos muitos problemas que pessoas LGBTQ+ enfrentam é a discriminação que estão sujeitas. As chamadas minorias (denominados por mulheres, LGBTs, negros e refugiados) sofrem por não terem seus diretos respeitados, não terem um tratamento digno, e ainda há a diferença salarial. É um problema que perdura desde as épocas anteriores até os dias atuais. Essa rejeição atrapalha, inclusive, o engajamento dessas pessoas no mercado de trabalho e também a falta de representativa desse grupo na mídia. Esse cenário chamou a atenção dos alunos finalistas do curso de Jornalismo da Fametro, que resolveram desenvolver produtos jornalísticos na produção do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
Com o tema “A falta de representatividade das minorias na mídia manauara” um quarteto resolveu documentar como as pessoas que não se veem representadas se sentem, e como faz com que elas se sintam inferiores às demais. “Eu enquanto homem, gay, preto, interiorano, não me via representado na mídia, nos jornais, nos programas aqui da cidade e até mesmo nos outdoors, sabe? Então a gente está trabalhando nesse tema porque é também uma realidade nossa.”, ressalta Gerson Brenner.
O outro grupo de alunos da instituição que por conta da pandemia tiveram que se reunir através de vídeo chamada, vai abordar o tema “Os desafios enfrentados por transexuais no mercado de trabalho”. A proposta é expor as injustiças com os transexuais (pessoas que não se identificam com o sexo que nasceram, passam pela transformação do seu corpo e acabam sendo alvos maiores de insultos e agressões). No trabalho científico os alunos trazem o exemplo de vida de pessoas que já passaram por isso, a dificuldade de serem aceitas no mercado de trabalho e o desafio que é levar a vida com o medo de simplesmente ser quem são.
O intuito de abordar este tema, segundo os integrantes de um dos grupos é dar visibilidade a esta causa que ainda é despercebida pela sociedade. Dentro da comunidade LGBT a população trans tem uma faixa etária muito curta de apenas 35 anos de vida, e o fato de não se identificarem com o seu corpo faz com que, em muitos casos, sejam expulsos de casa e não tenham aceitação no mercado de trabalho. Um exemplo da crueldade de transfóbicos é o caso da trans Dandara Kettley, que foi brutalmente assassinada a pauladas no Estado do Ceará em 2017.
Bruno Alberto, um dos integrantes que compõe o grupo alerta que o Brasil é o país que mais mata transexual no mundo, mas também, ironicamente, é o país que mais consome pornografia transexual do mundo. “E são por essas questões, da hipocrisia, que eu também escolhi esse tema, pra que eu possa fazer a minha parte e que pelo menos as pessoas a minha volta reflitam sobre isso.”, conta Bruno, enfatizando que a reportagem multimídia também irá mostrar a vida noturna dessas transexuais.