por Samara Valentin
Desde 2019, conforme pesquisa realizadas por instituições ligadas aos profissionais de jornalismo, o número de agressões ao profissional aumentou, acrescenta-se aí, a necessidade de fazer a cobertura das Eleições 2020 e teremos um cenário que exigiu preparo psicológico dos agentes da informação. E foi, justamente, pensando na segurança de quem trabalha nesse tipo de cobertura jornalística que o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) chegou a criar este ano, um kit de informações úteis consideradas relevantes para profissionais da área: o ‘Kit de Segurança’ , que traz detalhes sobre como reduzir riscos físicos, psicológicos e digitais, abrangendo desde editores, passando por repórteres, até fotojornalistas. O conteúdo ainda alerta para medidas para evitar a Covid-19, que não devem ser esquecidas neste momento.
A jornalista e também mestre em ciências políticas pela USP Liege Albuqueque, relatou algumas de suas experiências na cobertura de eleições, lembrando um dos episódios constrangedores que passou quando era correspondente do jornal Estado de São Paulo. “Uma vez um senador aqui do Amazonas, não gostou da pergunta que eu fiz e então segurou o meu crachá e perguntou: De onde você é? E saiu puxando o meu crachá, eu dei um tapa na mão dele, e falei: Não toca em mim candidato. E ele olhou assim pra mim, todos olharam, porque não era uma atitude comum, e então percebeu que eu era do Estadão e não da imprensa local, com quem normalmente com eles são mais grosseiros. E disse: Me desculpe, tem razão, me desculpe, mas sua pergunta eu não vou responder”.
E mesmo que sempre haja grosserias e agressões de modo geral nessas coberturas, na maioria das vezes pela falta de respeito dos candidatos com os profissionais da comunicação, a Jornalista destaca que o profissional apenas está cumprindo com o seu trabalho e fazendo isso da melhor forma possível, para levar até o ouvinte, leitor, telespectador e usuário todas os lados da notícia. “Acho que não modifica a postura do jornalista na cobertura de eleições, ele tem sempre que ouvir os dois ou mais lados da notícia, sempre, sempre, sempre.”
A aluna finalista do curso de jornalismo, Talita Rubens, que começou a atuar na área de política, assessorando dois candidatos durante a campanha eleitoral, relatou que teve que pesquisar bastante. “Posso dizer que nunca tive experiência antes com política e foi difícil os termos. Nunca fui tão atenta pra política, mas nesses meses de eleição eu aprendi tudo na marra e por vontade mesmo, tive que ler artigos, matéria e ir perguntando o que é, como é, o que pode, o que não pode. Foi difícil e agora que a campanha está acabando, eu vou poder respirar”.